24 de Novembro
de 2012
“Quero associar educação com a ciência e tecnologia”
Outro desafio de Dinalva é melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), que em quatro anos subiu apenas quatro décimos, o menor avanço entre mais de 200 municípios baianos.
Dinalva Melo é ex-secretária de Educação de Ilhéus (1997-2004), pró-reitora da graduação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Na entrevista ao jornalista Ailton Silva fala dos projetos para a educação em Itabuna.
Como a senhora vê a aprovação do aluno, mesmo sem ele apreender?
Existe uma questão básica. Todo mundo briga por vagas, porém não se internalizou ainda o direto de aprender. Pretendo fazer esse movimento.
Como a senhora pretende melhorar o Ideb?
São uma série de ações para fazer com que o estudante assimile o conteúdo transmitido. Acredito também que a direção da escola tem um papel fundamental. Nesse conjunto de ações não podemos deixar de valorizar o professor, de melhorar a infraestrutura das escolas. Outro elemento importante é a implantação da Escola de Tempo Integral.
E essa pressão para que não haja repetência?
As pessoas falam muito da aprovação para se cumprir uma meta. Dizem que tem um decreto obrigando a passar de ano de ano mesmo sem ele aprender. Não acredito e não acho que isso seja real. Não adianta você aprovar por decreto.
O que de novo pode ser implantado em Itabuna?
Quero associar a educação com a ciência e tecnologia, pois os nossos jovens são tecnológicos e a escola passa ao largo disso. Precisamos dessa associação para que estimulemos cada vez mais o aluno. Estar na escola é natural, mas queremos que haja um envolvimento de todos, incluindo os pais.
Como envolver os pais no processo de aprendizado?
Não é um papel muito fácil. A família de hoje não é a de antigamente, que tinha uma mãe que, por mais que não fosse escolarizada, tinha tempo para o filho e acompanhava o movimento escolar. Hoje, em muitos casos, os filhos são cuidados por outras pessoas e às vezes por ninguém.
Pois, é. Como resolver isso?
Acredito que não com aquela sensibilização corriqueira, aquela que convida os pais ou responsáveis para a reunião e, no geral, quem aparece é quem não precisa. Queremos envolver os pais por meio movimento pelo direito de aprender.
Como será a educação usando tecnologia?
É possível aplicação de aulas de robótica e o uso massivo das tecnologias da informação. Queremos uma escola em que o computador não seja apenas um objeto decorativo, mas que o professor se habilite cada vez mais a fazer uma docência online. São ações que motivam o estudante. Às vezes os métodos são medievais. É a escola em que se fala e se ouve, sem questionamento.
Existe espaço para todas as crianças na escola em tempo integral?
Como existe financiamento do governo federal para a escola de tempo integral, acredito que no exista a possibilidade de ampliação da quantidade de unidades escolares. Claro que a implantação do programa é processo leno e gradual, vendo as localidades mais estratégicas e urgentes.
Seria uma forma de evitar que as crianças se envolvam com o crime?
Na escola de tempo integral a criança terá mais opções de recreação e lazer, de ciências e tecnologia. Não tenho dúvida de que as crianças vão passar a absolver o conteúdo didático com muito mais facilidade e ficarão protegidas.
E a violência nas salas de aula. Há uma forma de acabar com isso?
Se soubesse como resolver (risos) eu iria vender royalties. Na verdade, é preciso compreender que as agressões às vezes são reflexos da violência externa. É o abandono da família, é o descaso do poder público, a falta de opção de lazer. Há muitos casos de violência que estão relacionados a pessoas que vivem em família desestruturada.
Como a escola deve atuar para evitar esses conflitos?
Tradicionalmente, se trabalha a conscientização e a valorização do aluno. Se o estudante sentir-se valorizado, não verá o professor como algoz, mas como uma pessoa que está ali para ajudar. Temos que observar também que às vezes o professor entra no clima de estresse porque se sente violentado.
Como será sua relação com os professores, por exemplo, numa greve?
Comigo funciona o diálogo. Respeito o contraditório. Vou fazer um trabalho sempre dialogando, respeitando as pessoas. Vamos realizar um trabalho em conjunto, de valorização e respeito ao profissional da educação.
Como vê o papel do Conselho Municipal de Educação?
O conselho é um formulador de políticas e fiscalizador das ações na educação, principalmente do destino do dinheiro público. Vamos trabalhar com transparência e respeito à entidade. O Conselho terá sempre um papel de destaque na próxima administração.
O número de vagas na educação e nas creches é deficitário. O que fazer?
Precisamos ampliar o número de vagas para a educação infantil. Sabemos que há necessidade de vagas nas creches e vamos trabalhar muito para resolver esse problema, até para possibilitar uma educação de qualidade e que as mães tenham um lugar seguro para deixar seus filhos.
Como a senhora avalia a educação pública na base?
Primeiro a escola precisa entender que esse é um problema que ela precisa assumir. Existem estudos que indicam que o insucesso do aluno não está determinado pelas deficiências que ele tem. É muito mais da falta dele se sentir afiliado. Isso faz com que o estudante seja estimulado à evasão, ao abandono da sala de aula. É necessário que haja mecanismo de integração de afiliação.
As carências podem ser resolvidas no ensino médio?
No médio é outro mundo, outra linguagem, é tudo totalmente diferente. Na realidade, precisamos acolher esses estudantes desde o início da vida escolar, pois com acolhimento ele vence essas barreiras.
Com estrutura de que existe hoje, acha possível alfabetizar uma criança até os 8 anos?
Eu acredito que até antes. Mas por que a criança da classe popular não se alfabetiza no tempo desejado? Porque o universo familiar dela não é estimulante. Por isso, precisamos envolver a família no processo de aprendizado.
Como fazer isso?
Com estimulo à leitura não somente do aluno, mas também de toda a família dele. É necessário criar um ambiente propício e que as ações para melhorar a qualidade da educação não se resumam ao ambiente escolar. A criança da classe média já vive outro mundo. Ela é submetida ao computador, à leitura e aos livros. É impossível que as crianças da periferia, filhos de famílias carentes, tenham o mesmo desempenho que os nascidos na classe média.
Já deu tempo pensar em programas do governo federal para Itabuna?
A Escola de Tempo Integral, além de algumas ações para os alunos da escola infantil. Estou verificando o financiamento que existe para a ciência e tecnologia nas escolas.
Que Deus abençoe os pensamentos da nova secretária, para que a garra e pertinência seja objetivos permanentes nos momentos difíceis.
ResponderExcluirToda sua discurssão tem fundamentos e segue uma linha de eventuais possibilidades que como educadores almejamos alcançar diante das dificuldades que encontramos alunosXescola Xfamilia. Esperamossimpor melhoras!
ResponderExcluirÉ possível, pois temos um quadro com Educadores que já estabelecem com seus pares, reflexões sobre a importância dos novos paradigmas na práxis educacional, e partindo dessa premissa, muitos veem a TECNOLOGIA como um valioso instrumento para o processo da Ensinagem e Aprendizagem.
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