Tudo começa com um rugido. Então há um som
de algo quebrando, um barulho de sucção e batidas. Um cara, Adam LeWinter, está
no telefone, e seu amigo, Jeff Orlowski, o interrompe e diz: “Está começando,
Adam. Está começando…”. Os dois estão em um penhasco, com vista para um campo
de gelo gigante.
O que acontece a seguir é impressionante:
um enorme pedaço congelado do nosso planeta de repente se abre, divide-se em e
afunda diante dos nossos olhos no mar. Acontece assim, tão rapidamente.
Apenas observando as imagens, fica difícil
mensurar a dimensão do evento que se passa em apenas 75 minutos e foi a maior
partição de gelo já registrada, no glaciar Ilulissat, no oeste da Groenlândia.
Ao final do vídeo, porém, os cineastas sobrepõe Manhattan ao campo de gelo e aquilo
que se desprende é equivalente à ponta sul da ilha: um pedaço de
aproximadamente 5 quilômetros de comprimento e 3,5 quilômetros de largura. Isso
sem contar que a espessura do gelo que se desprende é de mais de 900 metros –
cerca de 100 metros fora d’água e o restante submerso. Você está assistindo
algo monstruoso.
Veja a mais clara evidência de um enorme
derretimento de geleiras
O vídeo vem do filme do fotógrafo James
Balog, “Chasing Ice” – que, entre outros prêmios recebidos, chegou a ser
indicado ao Oscar de Melhor Canção Original em 2013. Os dois homens que
testemunham o fenômeno no início do vídeo fazem parte da equipe de Pesquisa
Extrema do Gelo de Balog, que mantém dezenas de câmeras de time-lapse com vista
para as geleiras da Groenlândia, Islândia, Alasca, Canadá, Montanhas Rochosas e
Himalaias. Durante o dia, eles observam e gravam. Em seguida, eles compartilham
o que eles vêem com cientistas e a National Geographic, e transformam as
imagens em filmes e programas de TV.
O que eles estão vendo é o gelo desaparecer
de topos de montanhas, de campos de gelo, dos polos. Vê-lo sumir tão
rapidamente em tantos lugares, levanta a questão óbvia: quanto tempo levará até
que não exista mais gelo algum?
Nós
já tivemos efeitos parecidos antes na história da Terra, então é certamente
possível que se repita.
Temos vivido em uma era delicada, onde, a
cada inverno, pode-se fazer uma viagem para um lugar branco para ver uma
montanha de neve, uma geleira distante rastejando por uma encosta, ou um
iceberg à distância. Quando chega o verão, a brancura vai embora. É um lindo
equilíbrio. Mas quanto tempo isso vai durar?
Derretimento de geleiras:
precisamos nos preocupar?
Henry
Pollack (um emérito professor de geofísica na Universidade de Michigan, nos
EUA) foi questionado sobre o assunto. “Perder todo o gelo do mundo? Acho que em
algum momento entre mil e 10 mil anos engloba a maioria das probabilidades”,
afirmou.
Mil anos não é muito tempo. Como Craig
Childs diz em seu livro, “Apocalyptic Planet”, 10 séculos atrás os europeus
estavam ocupados construindo catedrais. Comerciantes chineses estavam enviando
flotilhas para o comércio com os africanos. “Eu estava achando que tínhamos
mais tempo”, diz Craig.
Konrad Steffen, climatologista da
Universidade do Colorado (EUA), acha que Craig está certo. Ele calcula (ou
calculou, alguns anos atrás) que a Groenlândia poderia estar sem gelo em 10 mil
anos, mas a Antárctica (sendo muito maior) vai levar muito mais tempo para
ficar totalmente descoberta.
Geleiras derretem à taxa mais
rápida da história
Este é o final. Mas é o meio do caminho que
deixa tantos cientistas preocupados. Steffen diz a Childs: “A Groenlândia e a
Antártida são muito remotas e foram consideradas grandes caixas de gelo que não
respondiam muito rápido às mudanças climáticas. Nós não tínhamos desenvolvido
um mecanismo para observá-las até a criação de satélites e lasers. Agora, vemos
algumas superfícies rebaixando até 50 metros por ano”. A conta é simples: em
dois anos, são 100 metros. Em seguida, 150. Ano após ano, enormes pilhas de
gelo vão derreter no mar. É uma grande quantidade de água – vindo em nossa
direção. [NPR].
FONTE: http://hypescience.com
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