http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/formacao-valores-413152.shtml
Segundo uma das definições mais
aceitas na Educação, proposta pelo biólogo suíço Jean Piaget
(1896-1980), valores são investimentos afetivos. Isso quer dizer que, apesar de
se apoiarem em conceitos, estão ligados a emoções, tanto positivas quanto
negativas. Educar para os valores é transmitir aos filhos ou alunos idéias em
que realmente acreditamos por exemplo,
que vale a pena ouvir enquanto outra pessoa estiver falando. Ou que ficar muito
tempo no chuveiro pode levar à falta de água para todos. Ou ainda que cada um é
responsável por seus atos.
É claro que família e escola estão juntas nessa
empreitada, mas a influência que elas exercem tem pesos diferentes. A escola
pode dar um apoio fundamental aos pais, mas está longe de substituí-los na
tarefa de educar. A família vem em primeiro lugar, pois os laços afetivos entre
pais e filhos são dos mais fortes. 'Hoje, sabe-se que o ambiente moral da casa
tem grande importância na formação das crianças', diz o psicoterapeuta José
Ernesto Bologna. Para ele, os filhos acabam assumindo a maioria dos valores da
família. 'O papel da escola é fundamental, mas não pode ser comparado ao da
família', reforça a professora de Educação Infantil Andréa Félix Dias,
doutoranda em psicologia. Segundo ela, na escola a criança e o adolescente
estão em um ambiente de grupo, e precisam se adequar a um conjunto de regras
bastante diferentes das que têm em casa.
3- Impor valores é um ato
autoritário?
Muitas famílias hesitam em
transmitir valores por acharem que estão sendo moralistas e autoritárias. Mas
este é um pensamento equivocado. Todo mundo precisa ter seus próprios valores,
porque é a partir deles que derivam o caráter, as crenças e as opiniões de uma
pessoa. Por outro lado, os pais não terão sucesso se tentarem impor o pacote
todo aos filhos. É preciso aceitar que existem muitos outros fatores que
interferem na formação do indivíduo, como, no caso da adolescência, o grupo de
amigos, a necessidade de afirmação e aceitação no grupo e, também, a própria
pulsão de ser diferente dos pais.
Não, os valores são relativos e
por isso não são compartilhados da mesma forma por todas as pessoas. Existem
valores que servem para uns, mas não para outros. E ninguém é melhor ou pior
por isso. É importante: ter clareza das próprias posições, reconhecer as próprias
crenças, limites e aspirações e saber o que embasa nossas escolhas. Tanto
melhor se nossos valores caminharem em direção a ideais mais universais.
'Alguns valores estão presentes na maioria das culturas, como a coragem, a
perseverança, a compaixão', diz José Ernesto Bologna, psicoterapeuta e
consultor organizacional, que complementa: 'do ponto de vista da Educação, é
melhor buscarmos esses valores mais estáveis'. Os professores também precisam
ter isso bem claro. Questões como ética, moral e valores devem ser trabalhadas
dentro das escolas, mas de forma nenhuma podem ser tratadas como verdades
inquestionáveis. 'Acima de tudo, as individualidades precisam ser respeitadas',
ressalta Bologna. 'Por exemplo, professores podem procurar mostrar o quanto o deslumbramento
pelo consumo e pela beleza física tem poucas chances de realmente corresponder
a um ideal de felicidade factível. Todavia, se os alunos permanecerem achando
que os shoppings são o melhor lugar do planeta, eles têm todo o direito de
fazê-lo', concorda o psicólogo Yves de La Taille.
Sim, hoje em dia, a Educação requer informação e
apoio, e a escola pode ser um braço-direito nessa questão. O problema é que
muitos pais pedem socorro aos professores, mas nunca abrem mão de suas próprias
soluções. 'Cada vez mais, quando a escola toma medidas disciplinadoras, a
primeira providência dos pais é passar a mão na cabeça dos filhos, justificando
seus atos e posicionando-se contra a escola', reclama a diretora de um colégio
de elite na zona sul de São Paulo.
De maneira geral, sim, as escolas
estão preparadas para se unir aos pais na Educação para valores. Cada vez mais
as instituições tentam aliar o ensino de conteúdos com o trabalho com valores.
E não apenas em disciplinas como Educação moral e cívica. Assuntos como gravidez
precoce, por exemplo, estão sendo trabalhados nas mais diversas situações
escolares. É o que educadores chamam atualmente de temas transversais, que
podem cruzar as aulas de biologia, de português, de artes, entre muitas outras.
Além disso, para dar conta não apenas dos conteúdos tradicionais, mas também
das grandes questões que envolvem valores, as escolas vêm trabalhando com os
extensos projetos pedagógicos, que buscam ir além do discurso e concretizar as
idéias no cotidiano das crianças e jovens.
Sim, é grande a importância de se
escolher uma escola afinada com os valores das famílias. Pais que querem ver
seus filhos como operadores do mercado financeiro não devem procurar escolas
antroposóficas. Pais conservadores, que vão buscar os filhos nas festas, não se
darão bem em escolas liberais. Educar e formar pessoas completas requer
diálogo. Para que os diálogos sejam produtivos, é importante que partam de
conceitos compartilhados.
A criança precisa perceber
claramente que as regras são definidas por aquele que está no comando: na
escola, o professor; em casa, os pais. 'Família e escola precisam definir muito
bem os seus códigos de conduta e têm o dever de fazer com que sejam seguidos
pelos jovens', afirma Flávio Gikovate, diretor do Instituto de Psicoterapia de
São Paulo.
Geralmente, porque, nesta fase, a
influência do grupo é muito forte. Os adultos precisam entender que, na
adolescência, a palavra principal não é formação, e sim transformação. 'Os
jovens colocam os valores em dúvida, e querem testá-los, o que é fundamental
para seu amadurecimento', diz o psicólogo e educador Paulo Gaudêncio. Isso, segundo
ele, fará com que escola e família percam importância, enquanto crescerá muito
a influência do grupo de convívio. O psicólogo Bologna considera importante
também levar em conta que entre os valores principais da juventude são a
imitação (dos amigos), a cumplicidade (com os amigos) e a transgressão (de
limites). Os pais não devem se incomodar com isso, o que não significa que não
precisem ficar atentos.
É preciso dar o exemplo! Isso
mesmo, além de conhecerem bem os seus valores, os adultos precisam praticá-los
em seu dia-a-dia, nas pequenas e nas grandes atitudes. O mesmo nas escolas. Se
não for assim, os jovens ficam sem ter onde se segurar, onde apoiar suas
crenças.
Professores que cobram disciplina, mas chegam
atrasados e não cumprem acordos; pais que cobram posturas cidadãs, mas levam a
vida com 'jeitinhos', ou, bem mais comum, que fazem promessas e não as cumprem:
tudo isso pode abrir caminho para a formação de pessoas que dão mais valor à
imagem que à palavra.
Parabéns, Angela!!! Seu blog é muito bom!!
ResponderExcluirApresenta textos excelentes.
Tenho curtido muito.
Beijão,
Monica
Obrigada colega!!! Tenho o cuidado de selecionar o melhor para compartilhar!! bjooo
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